segunda-feira, 13 de abril de 2015

Entrevista: Autora Li Mendi


Oii!!

Hoje trouxe a entrevista da nossa primeira parceria a autora Li Mendi... Se quiser conhecer um pouquinho mais sobre ela, clique aqui.


Como você percebeu que o seu destino era ser escritora?

Escrevo livros acho que desde os quatorze. Na época, não havia internet, nem blogs. Todas as estórias ficavam registradas em cadernos, que se perderam nas mudanças. Depois, a praticidade do Word me fez esquecer a letra bonita e comecei a imprimir e encadernar os livros. Os amigos curtiam e o ciclo era pequeno de leitores. Mas, felizmente, a internet lá por 2000, me trouxe um mundo de gente pra conhecer meus romances. É assustador ver mais de 10 mil visitas em um livro e mil downloads de outro... O processo solitário agora é dividido com centenas de pessoas.
Até eu terminar a faculdade de jornalismo, havia horas a fio pra gastar teclando. Depois, veio a faculdade de publicidade, a pós-graduação, o trabalho frenético como publicitária e pronto, me peguei com saudade de escrever. Nesse meio tempo, quero dizer, nesse zero tempo, consegui fazer o meu primeiro lançamento impresso: O amor está no quarto ao lado. Em 2012, veio "A verdadeira Bela" e estou muito feliz em ser autora da editora Highlands, onde já publiquei também Coração de Pelúcia e Alma Gêmea por Acaso. Agora, estou escrevendo um hot O Mestre do Amor.
Escrever sempre foi meu prazer, minha paixão, realização, tudo. O fascínio pelo mundo da fantasia se deu já nos primeiros anos de vida. Meus sonos eram embalados pelas incríveis aventuras narradas por meu pai, um excelente contador de fábulas.
Comecei com um pequeno projeto aqui na net, chamado Cada Casa um Caso. Era um hobby produzi-lo. As pessoas gostaram tanto e comentavam mensagens de incentivos que decidi continuar. Hoje, tenho vários livros disponíveis no meu site abertos e os leitores se reúnem em um grupo do Facebook para discuti-los. Os fóruns são acalorados e muito divertidos. Rio demais com as tiradas, fotos e debates.
Na última Bienal do RJ, encontrei muitos fãs que me abraçaram com carinho e contaram sobre a emoção de me ver e pegar o meu autógrafo. Isso é tão gratificante. São eles que me dão força pra continuar todas as madrugadas à dentro.

De onde surgiu a motivação para ser escritora? Algum escritor ou livro te influenciou?
Meu professor Roberto de história da oitava série foi um grande mentor. Ele gostava do meu jeito de escrever e um dia me parou no corredor da escola com um recorte da revista Época sobre um concurso de Redação, em que ganhei um livro. Depois vieram outros prêmios. Mas, aquele pedacinho de papel acendeu uma sentelha dentro de mim que nunca se apagou.
Meu pai tinha uma coleção completa de Machado de Assis de capa dura. Eu não tinha muito o que fazer quando mais nova, então, me jogava no sofá e lia... lia. Li tudo. Então, passei a pegar livros na biblioteca da escola e a devorar tudo. Cheguei a ler mais de cem livros na oitava série em um ano. Ai sim, aquilo se apossou de mim. Então, decidi começar a criar.


De onde vêm seus personagens? São inspirados em pessoas reais ou foram criados por você?

Eu leio muito de tudo,várias revistas, sites, olho e observo as pessoas o tempo inteiro. Gosto de conversar com gente de todas as profissões e experiências. O mundo é o meu laboratório, anoto tudo no celular ou cadernos. E vou trazer ou uma fala ou outra ou a própria sensação do momento para os livros. Há milhares de pedacinhos verdadeiros em vários e vários livros meus. Só que o que é ou não é um mistério que eu guardarei para mim. Ops..., às vezes, sou pega pelo meu marido que lê um livro meu e grita “heiiii, achei aqui uma fala sua ou uma fala minha, ou aquela cena aconteceu com fulano”. Rs

Como ele é o que está mais perto do meu mundo, às vezes, descobre e me faz rir. Pior mesmo é quando ele confunde a autora do personagem. Então, preciso explicar essa NÃO SOU EU, é a PERSONAGEM rsrs!!! Vou dar um exemplo! No livro O amor está no Quarto ao Lado (só na versão impressa e, não, na versão do site original), o personagem militar pergunta para a mocinha se ela deixaria que ele fosse para uma missão arriscada no exterior. Ela fica chateada e não quer que ele vá. Anos depois que eu publiquei o livro, meu marido foi convidado para trabalhar na ONU. Então, ele me perguntou se eu o deixava ir. Eu disse que sim, né? Então, ele passou 6 meses no Haiti.

Quando voltou, disse que tinha muito medo que eu dissesse não a sua pergunta. Então, questionei de onde tirou isso. Ele: Ué, a Jeny do seu livro não queria que o Juan fosse pro exterior... Eu: Jeny, quem é Jeny? Ele: Do seu livro amor, está lá, eu li!! Eu fiquei olhando pra cima, de olhos fechados e lembrei da cena. Então, respirei fundo: Eu já falei que eu NÃO SOU a Jeny, ela é só um personagem ok?! Rsrs. Viram? É difícil as pessoas entenderem que livro escrito de forma profissional não é uma catarse, não é um diário, é um processo de elaboração onde tudo é premeditado. Rs.


Qual de suas obras/personagens é o seu favorito? Por que? O que ele significa para você?


Pra mim, Coração de Pelúcia foi muito importante. Posso te dizer que Coração demandou meu espírito, minhas fibras da alma. Escrever um livro de um personagem cego, misturar isso com uma paixão arrebatadora, criar uma paisagem mental para ele, tornar isso sexy e romântico foi difícil A VIDA! Sério, acho que tem um pedaço vivo de mim em cada livro que as pessoas comprarem. Quem adquire diz que é muito impactante e sai apaixonado pelo Alan. Não é o livro mais vendido, mas, é muito longe a melhor coisa que eu já escrevi.

Por que você gosta de escrever?

Porque eu saio do meu corpo, desligo meu cérebro para o mundo e vou viver outra vida. Fico ali em algum lugar longe criando e me divertindo. Quando volto, descubro que outras pessoas também curtem estar lá. Escrevo porque é uma forma de prazer.

Quais são seus livros e autores preferidos?

Sophia Kinsella. Não por ser a melhor, mas, porque ela influenciou o meu estilo chicklit de escrever. Eu tenho uma “pegada” no texto parecido com o dela.

O que você mais gosta nas suas histórias?

O humor e os diálogos desafiantes entre personagens. Também tenho a marca de dar reviravoltas na história e a fazer personagens ruins serem deliciosamente amados.

O que afetou na sua vida começar a escrever?

Comecei a receber centenas de mensagens de pessoas desconhecidas para responder. Isso requer tempo e carinho.
Mas, essa "quantidade" de milhares de fãs significa números lá no topo da fanpage. Números não compram livros e não mandam "parabéns pelo livro que li". Na maioria, as pessoas só querem baixar, ler e nunca vão interagir com o autor. Logo, 15% disso realmente é seu fã. O resto é número. Por isso, não encho o peito, nem fico orgulhosa com nada disso como se fosse uma garota metida.
O que muda minha vida são pessoas e as histórias delas particularmente. No fim do ano passado, recebi um email de uma leitora que havia descoberto uma doença grave e estava muito triste. Eu fiquei ali de coração na mão, olhando pra tela, me imaginando no lugar dela... Então, ela me disse que leu "Coração de Pelúcia" e que o livro a ensinou muito e que quando ela lê meus livros, esquece a dor, o destino e sorri.
Eu chorei como ela nem imagina. Isso sim é o valor de um trabalho. Não x mil seguidores numa rede social.
Sabe o que me move? Não é escrever história pra 8 mil pessoas do meu Facebook. É escrever pra alguém em algum lugar sorrir e esquecer seu problema.
Eu recebo um volume de mensagem via face, instagram, email e outras redes tão grande que não conseguem imaginar. Eu leio todos e respondo absolutamente todos. Só que preciso ser muito organizada para ter tempo para tudo, então, paro um dia na semana e faço isso. Dou todo o meu carinho. Porque eles são para mim alguém que levam um pedaço do meu coração para sempre.
Lido super tranquilamente, nada aumenta minha vaidade, nada mesmo. Continuo andando por aí de chinelo, livro de braço do braço, anonimamente sem qualquer superioridade na alma. Pelo contrário, eu acho que estou muito aquém do que esperam de mim.

Você já tem 4 livros publicados. Qual foi a maior dificuldade encontrada para publicá-los?

Como qualquer outra profissão, para ser autora, você precisa ter uma rotina, entregar um trabalho e agradar pessoas... Mas, qual a parte mais difícil? Vender livro. Escrever é sua paixão, ganhar o carinho do leitor é uma delícia e se você escreve bem e divide um pouco da sua obra, vai receber. Agora, as pessoas querem baixar os livros da internet ou ler seus online, mas, só 20% vai comprar o impresso. Então, vender é difícil pacas. Tem muita coisa online hoje, que não tinha antes da era do PC e Internet. Logo, você compete com o que está free. Logo, vender é o maior desafio. Afinal, você precisa do dinheiro pra custear um momento de coisas, como estar em feira, produzir marcadores, enviar livros pra divulgação. Veja, eu não estou dizendo que é ganhar pra pagar suas contas, é muito antes, é ganhar para sustentar ao menos a divulgação, seu site etc.
Eu não desisti ainda rs, mas, já poderia facilmente ter desistido se fosse outra pessoa.

No espírito de quem inventou a lâmpada e testou mil formas de criá-la, posso dizer que eu não errei nas minhas estratégias. Eu já sei mil formas que não deram certo e devo estar bem perto da que dará. Eu não vejo como erros, mas, como a eliminação de um que já testei.


Dizem que os personagens têm muito do autor. Qual dos seus personagens tem mais de você? Por que?

Todos podem ter alguma característica, uma frase, um bordão meu. Mas, é mais fácil quem está de fora e me conhece na vida pessoal identificar isso. Devo fazer de forma inconsciente.
Eu leio muito de tudo,várias revistas, sites, olho e observo as pessoas o tempo inteiro. Gosto de conversar com gente de todas as profissões e experiências. O mundo é o meu laboratório, anoto tudo no celular ou cadernos. E vou trazer ou uma fala ou outra ou a própria sensação do momento para os livros. Há milhares de pedacinhos verdadeiros em vários e vários livros meus. Só que o que é ou não é um mistério que eu guardarei para mim. Ops..., às vezes, sou pega pelo meu marido que lê um livro meu e grita “heiiii, achei aqui uma fala sua ou uma fala minha, ou aquela cena aconteceu com fulano”. Rs

Como ele é o que está mais perto do meu mundo, às vezes, descobre e me faz rir. Pior mesmo é quando ele confunde a autora do personagem. Então, preciso explicar essa NÃO SOU EU, é a PERSONAGEM rsrs!!! Vou dar um exemplo! No livro O amor está no Quarto ao Lado (só na versão impressa e, não, na versão do site original), o personagem militar pergunta para a mocinha se ela deixaria que ele fosse para uma missão arriscada no exterior. Ela fica chateada e não quer que ele vá. Anos depois que eu publiquei o livro, meu marido foi convidado para trabalhar na ONU. Então, ele me perguntou se eu o deixava ir. Eu disse que sim, né? Então, ele passou 6 meses no Haiti.

Quando voltou, disse que tinha muito medo que eu dissesse não a sua pergunta. Então, questionei de onde tirou isso. Ele: Ué, a Jeny do seu livro não queria que o Juan fosse pro exterior... Eu: Jeny, quem é Jeny? Ele: Do seu livro amor, está lá, eu li!! Eu fiquei olhando pra cima, de olhos fechados e lembrei da cena. Então, respirei fundo: Eu já falei que eu NÃO SOU a Jeny, ela é só um personagem ok?! Rsrs.
Viram? É difícil as pessoas entenderem que livro escrito de forma profissional não é uma catarse, não é um diário, é um processo de elaboração onde tudo é premeditado. Rs.

Quais dicas você dá para quem quer iniciar a carreira de escritora?

Primeiro se divirta, escreva com o coração e leia de tudo sobre tudo. Em segundo lugar, não espere o lucro rápido pra largar seu emprego. Viva uma vida paralela até que possa viver como autor. Depois, me escreva pra me contar. Brincadeirinha. Olha, vou começar uma coluna no Widibook, rede social de livros, onde vou dar dicas a jovens autores. Como curadora na rede, vou dividir minha experiência, vale acompanhar o blog do Widibook!

Qual a melhor e a pior parte de ser escritora?

A melhor: escrever e me divertir enquanto elaboro um personagem.
A pior: é saber que você está num país onde as pessoas não leem, não compram livros e não irão fazê-lo nas próximas gerações. Saber disso e continuar lutando e tentando vender livros é heroico. 

Eae loucos por livros, gostaram? Beijinhoos...

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